domingo, 14 de novembro de 2010

Liberdade e Anarquismo

A liberdade a qual o anarquismo busca, propõe e luta não é a liberdade irresponsável e fantasiosa onde se tem o direito de se fazer o que se quiser, no momento que desejar e na forma que for conveniente como imaginam os leigos. Também não é a liberdade pregada pela ideologia burguesa que se limita ao direito de ir e vir, de expressão e de escolher seu governante ou explorador; muito menos o anarquismo propõe a supremacia da liberdade do indivíduo sobre a da coletividade como falsamente afirmam os socialistas autoritários (estatistas) com o propósito óbvio de deturpar o anarquismo.
Tanto a ideologia burguesa como os socialistas autoritários insistem em dizer que a liberdade plena é impossível de ser realizada, no entanto se utilizam de argumentos diferentes para tentar justificar seu desejo pelo poder. Os socialistas autoritários se apegam à falsa idéia de que a liberdade proposta pelo anarquismo pressupõe uma supervalorização e uma supremacia da liberdade individual sobre a coletiva, insistindo na idéia de que o interesse da coletividade deve estar em primeira ordem estando o indivíduo subordinado a coletividade, ou seja, ao Estado (ditadura do proletariado), onde somente a partir dele provem o seu direito e a sua vida. Já os burgueses propõem uma forma de liberdade limitada, condicional e vigiada, se utilizando sempre de chavões do tipo "a liberdade de um homem termina onde a liberdade do outro começa"... Ora companheiros, nada mais falso!
O que estes ardorosos defensores da autoridade e do poder não sabem ou fingem não saber, e que nós anarquistas-comunistas estamos aqui para lembrar é que a verdadeira liberdade não tem fim nem limites, tampouco uma forma de liberdade tem supremacia ou privilégio em relação à outra. Liberdade em anarquismo se somam e se completam; liberdade em anarquismo não tem final, apenas um começo que vai até onde a liberdade de todos e de cada um sonhar em alcançar e até, talvez, vá um pouco mais além.
Liberdade para o anarquismo significa viver em comunismo libertário ou seja, numa sociedade de iguais (economicamente) onde os meios fundamentais de produção sejam de propriedade comum; onde o homem passa a se libertar da auto-alienação (produtiva) que o capital lhe impõe, podendo assim encontrar sua verdadeira essência, significa a resolução definitiva do antagonismo do homem consigo mesmo, com seus iguais e com a natureza.
Mas não é só, liberdade para o anarquismo só pode ser plena em autogestão, o livre acordo entre iguais, a livre organização do corpo social da base para o topo, sem governos ou qualquer outra forma de autoridade irracional e/ou coercitiva, tudo isso sobre plena responsabilidade dos indivíduos e organizações coletivas em um sistema federativo estruturado a partir da mais simples forma de organização social (associações de bairros, comitês de fábricas, grupos de interesses científicos, etc.), até formas mais complexas, tendo sempre como instrumento chave a autonomia e a auto-direção.


 

A REVOLUÇÃO É O QUE NOS RESTA!

Antônio Martchenko 
Julho/Agosto 2000 

Um comentário:

  1. Esse texto do Martchenko é fenomenal!! Se a evolução da sociedade não for por aí eu mudo meu nome... belos textos, gustavão

    ResponderExcluir